São números alarmantes. Um terço dos detidos por tráfico de droga, em 2009, tem menos de 21 anos de idade. Aos 16 anos de idade, é suposto um jovem frequentar a escola. Não é razoável que tenha por actividade principal o tráfico de droga. Mas é isso que acontece com milhares de adolescentes de centenas de escolas portuguesas. E há ainda os que vendem droga mas não podem ser detidos porque têm idades inferiores a 16 anos.
Um terço dos 4847 suspeitos detidos por tráfico de droga, no ano passado, eram jovens entre os 16 e os 21 anos. As conclusões constam do Relatório Anual de Segurança Interna e fundamentam-se na actividade operacional das forças de segurança. As autoridades assinalam que há cada vez mais jovens a dedicarem-se ao pequeno tráfico.
"É possível constatar que os detidos são predominantemente de nacionalidade portuguesa, do sexo masculino, com mais de 21 anos, mas não é de menosprezar o facto de cerca de um terço se inserir no grupo etário entre os 16 e os 21 anos", refere o documento. Feitas as contas, estes jovens correspondem a 1257 dos detidos, mais de 300 que no ano anterior (953).
O que pode a escola fazer por estes adolescentes? Tal como está organizada, a escola regular não pode fazer grande coisa. Os jovens com menos de 18 anos de idade que vendem droga dentro e nos arredores da escola precisam urgentemente de ser separados dos restantes. Têm direito à educação e à formação profissional mas não adianta mantê-los na escola regular. A criação de escolas de retaguarda, em regime de internato, com um código de conduta rigoroso e meios adequados para os fazer cumprir as regras, pode fazer toda a diferença.
Esses adolescentes precisam de formação profissional a sério. Mas ainda precisam mais de algo que as escolas públicas regulares não são capazes de lhes darem: aquisição de bons hábitos de trabalho, nomeadamente respeito pela pontualidade, assiduidade, cumprimento de regras, obediência e capacidade para prestar atenção e seguir as instruções dadas pelos professores. Sem a aquisição desses bons hábitos de trabalho é impossível salvar esses adolescentes da pobreza, do crime e do desemprego.
PUBLICADA POR BLOCO DE ESQUERDA- PORTIMÃ 11/4/2010
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